terça-feira, 1 de junho de 2010

O caso Belo Monte

Rio Xingu - Onde seria construida a UHE de Belo Monte


Ontem, ás 19h a Unama juntamente com o Prof. Msc. Rogério Almeida e o Curso de Comunicação Social proporcionaram um debate de muito interessante com o tema "Modelo de desenvolvimento na Amazônia: O caso Belo Monte", aonde foi possível discutir abertamente a viabilidade e relevância do projeto da UHE de Belo Monte com:
Rodolfo Salm - PhD em Ciências Ambientais pela Universidade de East Anglia, professor da UFPA e que integrou a equipe do painel de especialistas que analisou as peças do licenciamento ambiental do projeto;
Dion Monteiro - economista, mestre em planejamento do desenvolvimentos pelo NAEA/UFPA, doutorando pela Universidade de Paris, integrante do Comitê Metropolitano do Xingu Vivo Para Sempre,
Nirvia Ravena - socióloga, doutora em ciência política pelo Institudo de Pesquisa do Rio de Janeiro, professora do NAEA/UFPA e da Unama, integrou a equipe do painel de especialistas que analisou as peças do licenciamento ambiental do projeto,
José Viana - engenheiro civil, presidente do CREA-PA e José Carlos - Comissão de Meio Ambiente da OAB.

O debate serviu para esclarecer muitas dúvidas e desmistificar a ideia de que o projeto é necessário e que contribuirá para o desenvolvimento da região (quem conhece Tucuruí sabe que UHE não trás tanto progresso assim).
Foram abordados vários pontos favoráveis e contrários a construção da UHE e os principais foram o fato de que essa construção não é para gerar energia para o Pará, e a porcentagem que seria para os auto produtores da região não está garantida já que eles não entraram no leilão; os métodos defasados (que segundo a Prof. Nirvia são de gestão empresarial e não de gestão ambiental) para analisar os impactos ambientais, ou seja, não se sabe ao certo os impactos ambientais que a região sofrerá; as 100 mil pessoas que desapropriadas, e segundo o governo irão para casas melhores, mas quem garante? (e repito, quem conhece Tucuruí sabe que não é bem assim); as tribos indígenas que segundo o relatório não serão afetadas, mas por estarem na região, inevitavelmente sofrerão também;

Os pontos favoráveis nem merecem ser citados, pois foram fracos, e eu percebi que os representantes do CREA e da OAB ficaram saindo pela tangente o tempo todo. Circundando o assunto com exemplos de progresso e geração de energias bem mais danosos para que as pessoas ali presentes ficassem pensando 'é, até que não é tão ruim assim', mas não funcionou.

Concordei plenamente com o Msc. Dion quando ele fala que esse projeto reforça aquele modelo de progresso exploratório dos tempos da colonização, em que o Pará é sempre visto como lugar para ser explorado para servir aos demais estados. Um modelo de desenvolvimento atrasado que vem se repetindo através dos anos.

As UHE não são energias limpas, são fábricas de metano, que é igual ou mais danosa que uma termoelétrica. Então, pra que tudo isso? Nós não precisamos dessa energia, dizer que haverá apagão sem essa energia é fazer terrorismo.
As mídias estão censurando as opiniões contra a UHE e muito do que vimos nos jornais e na TV não condiz com a realidade. O que esperar de uma obra que teve a licença prévia com 40 condicionantes? Previamente ela já é um problema. E com um leilão feito as pressas? Sem dúvida, existem muitos interessados financeiramente nisso tudo.

E encerro minhas observações sobre o debate com uma coisa que a Prof. Nirvia falou e serve não somente para esse tema, mas para muitos outros: Acreditem em informações não vinculadas.
Ás vezes a verdade não chega nos jornais. Mas claro, vamos filtrar essas informações. Bom senso sempre.

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